quinta-feira, dezembro 30, 2010

Quiçá fecunde !


Uma sementinha se solta do cacho e mergulha para uma nova vida florescer, esse é o sentido do novo alvorecer, a plenitude da vida. No momento em que fiz a foto, não percebi tamanha poesia que havia captado. Até então a poesia estava no cacho, que envolto ao balanço do vento, impondo ao galho a flexibilidade, com todas aquelas minúsculas floresinhas brancas, explodidas dos grãos. Apenas em casa pude ver o movimento, nos cliques sequenciais, da sementinha no momento da separação do grupo, de isolada por si quiçá fecunde. Com essa postagem desejo a todos esse ensejo de esperança no reino da paz.

Essas fotos fazem parte do banco de imagens de Lula Castello Branco no Flickr, da Coleção Vegetação o Álbum  “VegetaçãoDeAlagoas” acessível no seguinte endereço: http://www.flickr.com/photos/lulacastellobranco/

LCB_2010fev02

domingo, dezembro 26, 2010

Pão de Açúcar Futebol Clube


Não é bem o Rio de janeiro, também não é o maracanã. Porém o time do América de Pão de Açúcar está lá, em campo, em plena crôa exposta do rio São Francisco. O que me fez refletir sobre a influência do futebol do sudeste sobre a torcida brasileira, com uma visão singela, principalmente o carioca. Percebo que, tirando exemplo a partir de mim, que sou botafoguense, a falta de interesse pelo esporte de nossa terra. Sinto hoje uma busca muito forte desse valor, inclusive campanhas claras com esse objetivo nos principais clubes de Alagoas. Lembro de quando ainda criança havia mais entusiasmo da população pelos clubes locais, principalmente CSA (Cêssiá) e CRB (Cêrrêbê), o grande clássico das multidões da Capital. Hoje o futebol do interior tem urgido com muita força, levando a maioria dos campeonatos estaduais, o que nos apresenta uma grave crise desses clubes, que outrora comandavam sucessivamente tais competições. Acho que diversas coisas têm espantado a torcida dos clubes locais, mas a violência da própria torcida tem afastado principalmente as famílias, o que faz com que as crianças comecem a gostar mais do futebol que vêem na Televisão. A influência é clara, os clubes do sudeste se congratulam a cada dia mais com novos torcedores, do Brasil inteiro, principalmente crianças. É triste querer torcer por um clube local, mas não poder ir ao campo para assisti-lo jogar. Acho que é por isso que os clubes do interior têm crescido tanto, porque quando jogam em casa tem diversão pras famílias, essa violência por lá é bem menor. Porém diga-se: essa violência está em todas as capitais e municípios mais populosos do País, ela está no âmago da sociedade. É puro reflexo, é o retrato de si. 

LCB_2007nov10

domingo, dezembro 19, 2010

Gabriela e a Rosa




Eu e Gabriela Lapa fomos pautados para cobrir os acontecimentos do Dia dos Finados, nossas primeiras visitas seriam as floriculturas e cemitérios, a caminho o comércio de velas, de santinhos e de arranjos, familiares, enfim, reportar o evento social. Após entrevistarmos a dona de uma floricultura, Gabi ganhou uma linda rosa vermelha, o que a deixou muito feliz. Mais adiante fomos ao cemitério N. S. da Piedade, no Prado, lá contei que meu pai estava enterrado ali e fui até túmulo em sua companhia. De repente ela saiu, foi até o automóvel e trouxe a rosa que tinha ganhado e me deu para que a oferecesse a meu pai. Havia tempo que eu não tinha uma emoção tão grande. Recebi a oferenda e voltamos ao sepulcro. Tenho certeza de que até o meu pai se arrepiou com tamanha sensibilidade. Obrigado companheira. Eterna gratidão.

LCB_2010nov01

sábado, dezembro 11, 2010

Enquanto isso na OAB


 Tudo que posso enxergar cheira descaso, escuto a superfície aflorada do mínimo verde que há, do sonho colorido com sabor de McDonald. Campanha da Pepsi-Cola acusa a Coca-Cola numa metáfora franca, apresentando artistas, ex-viciados em cocaína, dizendo “- larguei a coca !”. O Kapitalismo é a falta completa de harmonia em coletividade. Egocentrismo pleno. Meia volta pra se dar uma marcha ré. Primeiro Eu, depois eu e assim por diante. Tudo e todos em estado de adequação, de adaptação à realidade existencial em si. Voltando à coca, o crac, o álcool, a maconha, o êxtase, o açúcar, a amônia, as sodas, substâncias nocivas, as industrializadas têm direito até longas campanhas publicitárias, o ano inteiro, massificando, principalmente o álcool e a amônia (dos cigarros turbinados), enquanto às não industrializadas, sem selinhos de impostos deduzidos, giram nas mãos de traficantes, são largamente consumidas, o que enriquece o judiciário, com o aval do legislativo e a presença do executivo, no ôba-ôba da mordomia enlouquecida infiltrada no âmago do poder.

LCB_2010nov04

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Sinais do tempo de vida


 Os cabelos brancos, a costa encurvada, um pano pendurado no ombro e a gola do vestido um pouco desajeitada, mostram essências visíveis da idade dessa mulher: a fragilidade do corpo do ser animal. Ponho-me a tentar imaginar o tanto que ela viveu. Pela simplicidade, o quanto que ela sofreu. Pelo semblante, o quanto ainda viverá. Sei lá. Gosto do quadro, da luz intensa difundida (foi num momento em que nuvens encobriram o sol), da suavidade de um silêncio provável, pela temeridade sombria da morte. Todo ser que envelhece, em suma, aproxima-se da morte inevitável. Embora acidentes possam acontecer, doenças, o tempo haverá de gradativamente abrir-nos os caminhos do além.

2007jun29

Água mole e pedra dura...





 Flagrante sequencial do momento em que uma onda percorre de viés estourando no muro onde uma garotinha passiva observa. Esta sequência foi captada durante uma cobertura jornalística sobre as ressacas que destruiu parte das casas da Barra Nova, na Ilha de Santa Rita, em Marechal Deodoro, Alagoas, em setembro de 2006. Acredito que toda essa tragédia se deu graças à devastação do manguezal que protegia aquela orla das marés do Oceano Atlântico. Espaço transformado em um dos Pontos Turísticos da região, a Prainha, que gradativamente, com a influência da presença humana, foi-se devastando criando praias livres daquela vegetação. Voltei lá em fevereiro de 2010, quando outra ressaca atingiu furiosamente as edificações da orla, e eu pude conferir que já não havia mais qualquer vegetação, pondo em risco inclusive a ilha, que passa a não ter mais aquela muralha de vegetais que a protegia, recebendo direto toda maré do mar, a cada nova ressaca. No fundo das fotos, onde se vê alguma vegetação e a linha horizontal de ondas estourando, havia uma parede constituída de intenso manguezal. Sem a vegetação não há proteção. Definitivamente a Prainha é um dos grandes crimes ambientais a esta APA (Área de Proteção Ambiental). De resto a poesia da imagem ritmada nos frames aqui expostos como denúncia.

LCB_2006set08

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Flores, uma paixão.





É pura paixão, é a foto mais pura que não consigo não fazer. Tá no meu cotidiano, no meu dia a dia. As vezes ali no esgoto da esquina, num jardim, numa mata, num brejo, num jarro, numa parede, pendurado num arame, no exercício de um repórter fotográfico, entre as pautas, entre outros tantos cliques. O que germinou essa coleção que não pára de crescer. E eu adoro. Sinto-me orgulhoso por tanto sacrifício, por tanta vontade de fazer, por tamanha vontade ! Fazer. Confira essa coleção completa de flores que encontro em minhas andanças no meu banco de fotos flickr, no endereço abaixo:

sábado, dezembro 04, 2010

Um sino no caminho






Durante uma procissão saída da Igreja da Catedral, pela Rua do Sol, acompanhando todo seu percurso, percebi que da torre da Igreja dos Martírios, mais a frente, teria uma visão aérea da multidão em caminhada. Adiantei os passos e subi em tal torre. Consegui fazer boas fotos lá de cima, mas não esperava que, em um determinado momento, percebi um movimento da corda que segura o sino, era o padre, lá de baixo, contemplando a passagem da santa e dos fiéis. Acho que ele não sabia que eu estava naquela torre, o sino começou a badalar em ‘tóins’ que perpetraram por todos os meus sentidos. Foi uma sensação incrível, ali ao lado do sino a badalar. Passei o resto dia a ouvir, no fundo do meu inconsciente: ‘Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !, Tóim !’... reverberando. Pelos portais da cúpula, percebemos o entorno da igreja, a cidade, o Palácio dos Martírios, a Laguna Mundaú... São instantes gratificantes. São esforços compensados. Valeu.

LCB_2007jun07

sexta-feira, dezembro 03, 2010

A dor de um pai

 Cá estou a navegar na dor de um amigo. Doído, doendo da dor alheia. Uma dor que agiganta a cada dia, em que novos amigos também vêm a navegar na terrível sensação de ver o corpo do filho estirado no chão, crivado à bala. Como um Sandrinho, o menino da Alegria (Grota da Alegria); como um doidinho, que circulava perambulando entre as praças da cidade à noite; como o Fábio ou o professor Bandeira; mais um. Números escandalosos ! E o pior: o próximo pode ser Você ou Eu. O mundo tá virado de cabeça para baixo ao pé das palavras. Valores invertidos são tudo por aqui. Não há felicidade plena no ar. Sequer temporária, as vezes, não há. Cadê a poesia que morava aqui ? Cadê o mijãosinho da Praça Sinimbu ? Quer dizer: Cadê a Praça Sinimbu !?... Empresários ? Latifundiários ? Sociedade Civil ? Igreja ? Traficantes ? Governo ? Câmara ? Assembléia ? Jurídicos afins ? Poder ? Quem ? De quem é a culpa ? Tá lá, estirado no chão o garoto. Isso virou rotina em nosso cotidiano, - E nada podemos fazer ?!... - Pelo contrário, quanto mais fizermos contra, mas nossas vidas tornam-se alvo. Terrorismo pleno, conivência absoluta. Não podemos permitir tamanha desordem.

Aos 12 anos de idade o cidadão ainda é uma criança, possa ter o tamanho que for, é uma criança. E os direitos da Criança e do Adolescente são claros quanto ao modo de tratamento. Espancado por marmanjos fardados, tratado como Zé Ninguém, ameaçado, injustiçado ?! Há um momento em que nossos filhos vão às ruas, afinal de contas os criamos para o mundo, vão aprender a viver, todos nós passamos por isso. Mas não é porque um tem interesses diferentes dos outros, o que é absolutamente natural, que deva sofrer penas severas. Segundo o documento assinado pelo Presidente Lula, nem palmada, sequer dos pais, podem levar. Não há argumentos que justifiquem a ação desse delegado de polícia e dos policiais que agrediram tal menino, o que afetou psicologicamente sua conduta. - o que já era difícil piorou. - foram quatro longos anos de um trabalho árduo de re-socialização do garoto, seus pais mediante a imposição da força, do medo de estar lidando com autoridades policiais temíveis, já consagradas pela população, sofreram calados, assistindo ao filho, além de acusá-los por nada fazerem quanto à agressão que houvera sofrido, afundar numa vida de lamúrias e hostilidades. Um menino bom, de espírito gentil, indignado, trazia consigo as marcas de tal agressão na alma.

Acredito que o que este pai pede à Sociedade Civil, é que a Justiça não continue a descartar do banco de réus acusados graduados e afins. A hipocrisia remanescente, do malcaratismo estúpido e impiedoso do mal comandando o poder, dá à História da Humanidade projeções obscuras, sentidos banais, sentimentos vulgares, atitudes canalhas. Pois um Homem que bata no filho de outro Homem deve apanhar duplamente, pelo filho e pelo pai. O que vemos é uma Justiça burguesa, gorda esbaforida, covardemente vender-se numa jogada infeliz que Deus nenhum toleraria. Condenar a pobreza é tudo que sabem fazer. Condenam seres humanos a nascerem e morrerem pobres e miseráveis, e sobre toda essa façanha sublime distorcida enriquecem uns poucos porquinhos espertos. Um nojo. Asquerosos, cheios de bossa e clamores diante seus conhecimentos retilíneo uniformes, de sujeitos alienados, mantêm seus postos de carrascos, nessa epopéia escravocrata dessa democracia globalizada. Pois esse pai tem o direito de fazer reluzir o respeito que tanto seu filho necessitou ter, tem o direito de acusar o agressor, de apontar para ele e dizer: - Você foi o grande culpado ! Agrediu meu filho e conseguiu me silenciar diante a justiça perante seu posto de delegado. Mas você é um bandido, facínora, deve cumprir o mandato das leis que punem os agressores a menores, o que quer eles tenham feito, assim diz a lei. - Lei !? Que Lei ? O Estatuto da Criança e do Adolescente. Será que os juristas alagoanos o conhecem ? Se o conhecem, porque então não punem. Será que também têm medo de tal delegado que por lá donde trabalha é tão mal afamado ? Ou será que é porque o menino era negro e pobre, de ímpeto firme, decidido, valente, bonito... Foi muita covardia ! De todo modo rogo aos Deuses que pairam sobre nossos universos: rogai por nós.

LCB_2010jan22

quarta-feira, novembro 24, 2010

Cracolândias pela cidade



Crack: Informar sem alarmar

JAIR QUEIROZ

http://www.oobservador.com/nacional/crack-informar-sem-alarmar.html

"Quando o crack chegou ao Brasil, em meados dos anos noventa, as primeiras cidades a sentirem o problema foram as capitais do nordeste, sudeste e sul. Depois foi a vez de Brasília, onde encontrou uma “área livre de consumo”, fato denunciado recentemente por matérias jornalísticas dando conta de que por lá o consumo da droga tomou a proporção de epidemia.

Até então olhávamos tudo isso com um misto de aflição e pena das vítimas, não só daqueles que se tornaram dependentes, mas dos cidadãos em geral, reféns dos índices de criminalidade que chegaram na carona da droga.

Infelizmente chegou a nossa vez. Embora ainda não haja números oficiais já é noticiado pela imprensa local, com base em observações oriundas do Departamento de Narcóticos da Polícia Civil, que a droga desembarcou de vez em Porto Velho e já vem provocando estragos. Conselheiros Tutelares afirmam que o envolvimento de menores no consumo cresce rapidamente, assim como a violência, inclusive na própria família, já que essas vítimas precoces se tornam arredios às regras de convivência familiar.

A chegada do crack colocou pais, professores e autoridades em alerta e precipitou a correria atrás de especialistas que possam esclarecer mais sobre os seus efeitos e conseqüências. Palestras em escolas, debates na televisão e matérias jornalísticas são usualmente os recursos mais utilizados para disseminar a consciência preventiva na sociedade.

Durante anos a preocupação maior nesse sentido em nosso Estado era com a “mela”, droga preparada a partir da pasta base de cocaína, com adição de várias substâncias tóxicas, tais como a soda cáustica, barrilha e solução de bateria. Poucos sabem, no entanto, que as duas drogas são co-irmãs, ainda que o crack tenha nascido nos EUA e a mela aqui mesmo na região e que possuem efeitos semelhantes, são altamente indutoras do vício e muito deletérias ao organismo. O princípio ativo de ambas é a cocaína que, por ser volatizada, isto é, transformada em gás pela ação da queima, tem efeitos diversos daqueles do cloridrato, ou “pó”, como é conhecido na linguagem leiga. A forma gasosa favorece a absorção de praticamente cem por cento do que é introduzido no corpo, absorção essa que se dá através das paredes intensamente vascularizadas dos pulmões. A ação no cérebro ocorre em dez ou quinze segundos, atinge o ápice em torno de vinte minutos e entra em declínio logo em seguida, também de forma abrupta. O curto espaço de tempo entre o início e o fim da ação é a grande armadilha pois o cérebro “não tem tempo” para se recompor, o que gera um desequilíbrio na produção de substâncias como a dopamina, neurotransmissor responsável pelas sensações de bem estar. A euforia intensa do início dos efeitos se transforma em disforia intensa, numa proporção inversa, produzindo sensações desagradáveis que os usuários chamam de “fissura”. A fissura é caracterizada por ansiedade exacerbada, impulsos agressivos, mal estar geral que podem incluir sudorese, boca seca, cólicas abdominais, além, é claro, da vontade irresistível de “fumar mais uma”.

Nessa fase o usuário, que rapidamente se transforma em dependente, pode valer-se de qualquer artifício para obter outra pedra, e assim sucessivamente, tendendo a parar apenas quando o corpo já não suporta mais a intoxicação. O conceito de overdose se aplica plenamente aos efeitos do crack (e também da mela), já que o que determina o momento de parar raramente é a sensação de saciedade, mas o colapso físico e mental, numa reação à superdosagem.

A situação é grave e requer rigor nas medidas de repressão e, sobretudo, nas medidas preventivas, visando conscientizar, inclusive no sentido de que se evitem os exageros e distorções nas informações. O grande alarido inicial, que se explica pelo medo da entrada em cena dessa droga, suscita uma série de informações alarmantes e distoricodas, como a que ouvi esses dias de que “com o crack as crianças estão agredindo suas mães e professoras” e ainda “que várias crianças já morreram intoxicadas”.

O crack é nocivo, mas a disseminação de boatos dessa natureza também produz seus estragos gerando medos e estereótipos que em nada contribuem para a compreensão realística do fenômeno.

Opiniões

* Luciana Laura Pereira Marciel - 26/05/2010
Muito boa a matéria continuem trazendo artigos sobre drogas, pois assim podem estar ajudando a contribuir para com a conscientização dos jovens do estado e do Brasil."

** Lula Castello Branco – 24/11/2010
Publico aqui esse artigo por reconhecer que há em suas entrelinhas um tom necessário para se tratar a questão das drogas e a sociedade civil. O senhor Jair Queiroz foi muito feliz quanto ao desenvolvimento do texto, claro, e existencialmente presenciado. Vê-se na linguagem propriedades de quem convive ou conviveu com o entorno, como se diz: “no olho do furacão”. Só acho que não há como ‘não alarmar’ diante o quadro em que estamos vivenciando, em um paralelo entre uma droga que causa dependência de extrema entrega e a falta de informação e ação quanto à realidade danosa da relação social. Estudos existem, nos papéis. Mas na política os interesses dos mercados determinam o modo em que o consumidor receberá sua droga. Os legais e os ilegais. O comércio e o tráfico. No fundo, são falhas do Kapitalismo.

LCB_2010fev19

Afrodecendente


Fotos em movimento, flagrantes do cotidiano da cidade. Como o desta foto, captada em um automóvel em movimento, um instante descontraído, o imperceptível captado. É a questão da fotografia como quadro, como obra de arte, pois há em seu âmago a sensibilidade do ver poético. Um vulto antropológico em um tema racial. Arte e realidade, juntas, em uma nova arte, em um novo quadro, uma fotografia.  Não houve qualquer produção ou programação para esta fotografia; é questão de segundos: ver, perceber, preparar a câmara, posicioná-la e mirar, acompanhando o movimento do automóvel, que nem sequer reduziu, numa velocidade média de 50 ou 60 km/h, acertar o momento exato do quadro no instante do clique. É uma técnica que requer alguma prática, porque é necessário que se perceba o ponto de referência do foco, a câmara tem que girar, seguindo o movimento do automóvel, mantendo o ponto do foco fixo, a câmara gira em torno do objeto do foco, até o clique.

LCB_2010ago13

sexta-feira, outubro 22, 2010

Outra Dita-Dura


"O governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. esta minoria, porém, dizem os maxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo.

Quem duvida disso não conhece a natureza humana." Mikhail Bakunin (1814-1876)

LCB_2010jun09

sábado, outubro 16, 2010

Um Mártir do Fotojornalismo Alagoano


Gilberto Farias




Incrivelmente obcecado pela melhor imagem, sempre preocupado com a informação. De estilo implacável, firme, consciencioso do valor social de sua mensagem. Guerreiro imbatível, desde menino, quando ao lado do pai, galgou seus primeiros cliques profissionais, há já quase meio século. Gilberto Farias transpira o que capta, com uma esperteza surpreendente, alcança os posicionamentos mais penosos, pula, rasteja, interfere no cenário, resmunga, defende, ataca. Admirável ! Obrigado companheiro, pelo estímulo, pelo exemplo.

Dedico essa seqüência em sua homenagem, pela coragem, por essa força que a vontade tem.


Sobre as fotos

Operação Facção Toupeira, da Polícia Federal. Os homens presos em Alagoas, alugaram a casa, em ponto estratégico, visando alcançar a rede de águas fluviais da Avenida Fernandes Lima, para de lá chegar às agências bancárias. Cavaram uma passagem subterrânea a 3,10 metros de profundidade, que já estava com 87 metros de extensão e 70 cm de diâmetro (detalhes nas fotos). E lá vai ele, Gilberto Farias, pro fundo do túnel, levar ao público detalhes pulsantes da informação jornalística. Bravo !

LCB_2006set05

Mistério Night Bar


Uma das coisas que mais me encanta no cotidiano de repórter fotográfico é a presença marcante da vida em seus mais distintos aspectos, pois giramos a cidade inteira, de cabo a rabo; da casa mais simples aos mais luxuosos apartamentos e gabinetes, favelas e palácios, enfim, atentos, podemos captar momentos únicos, como este, que não acontecerá outra vez. Dias após este flagrante este bar fora destruído.

Mas bem sabemos que não são apenas flores e não é tão simples. No foto-jornalismo a identidade, o conteúdo fílmico do quadro, vai bem além da aura presente no lugar certo e na hora certa; o que realmente define seu caráter jornalístico é a atitude desse profissional. A sensibilidade de ‘ver’ o mundo com visão antropológica, distinguindo através de recursos naturais, ambientais e técnicos, a realidade observada.

LCB_2007jun27

domingo, setembro 19, 2010

A Lua e A Palha


Esta já é a lua que brinda a chegada do ano de 2010, são 18h32m29s do dia 31dez2009, ela vem surgindo por trás do coqueiral, ventava muito, ameaçava chover, as palhas esvoaçadas borravam nas imagens com velocidade (obturador) abaixo de 125, a lua raramente esteve completamente descoberta, já que o céu estava muito nublado. Com a câmara apoiada num tripé de viagem (26cm) sobre um banco e a objetiva (18-210mm) em seu limite de aproximação. Fiz uma porção de testes, paciente, também, como as palhas dos coqueiros, sentindo os suaves e frios empurrões dos ventos. Foi uma sessão de uns 15 minutos, sem programação, de repente o encontro, como sempre, o lugar e a presença.

LCB_2009dez31

sábado, setembro 11, 2010

O ‘cara’ é o Romário. O Lula é outro cara.


Não quero ser taxado como mais um anti-Lula (Luiz Inácio), de modo algum, mas fico a refletir como tanta gente informada, velhos comunistas, anarquistas, formadores de opinião, com conhecimentos amplos, ainda vão acreditar que esse sistema mantido pelo Lula-lá é a salvação do Brasil. Escândalos como o do Lulinha (filho do presidente), que estava como um simples biólogo e de repente transformou-se num milionário das telecomunicações e latifundiário; a estória dos cartões corporativos; do mensalão; de corrupção da cueca ao pescoço. Sinceramente, não acho que Serra ou FHC fariam melhor que ele, de modo algum, muito menos Collor. Mas dizer que Lula fez uma grande reforma, ora ora, aonde ? Na educação ? No transporte público ? Construindo esses casebres de areia em áreas de risco ? Em saúde pública ? cadê ? A imprensa toda comprada, calada, engana-se a ponto de enxergar verdade plena no que diz, quer dizer, no que não diz, não pensa. Em 8 anos, qual foi o resultado da Reforma Agrária ? E o crescimento das queimadas e dos latifúndios para produzir o etanol ?  Pelo que vejo este governo preocupa-se demais com índices, incentivando graduações sem estrutura real, agindo superficialmente para elevar os números estatísticos que os veículos de comunicação divulgam. Muita mentira, e o pouco que fez é pura obrigação. Nenhum político deve se gabar de um pouco que tenha feito, e não tenha realmente concluído, diante uma miséria absoluta a que vive grande parte da população brasileira. É feio, meu presidente, ver alguém cheio de bossa, as vezes visivelmente bêbado, dizer-se ‘o cara’, sentir-se tal, tendo ao seu lado costumes, que a canalha mantém, para manutenção dessa burguesia, que a cada dia mais e mais se vulgariza. Lamento pensar assim. Gostaria muito de tê-lo como ídolo, como o mito que dizem que és. Não acho que a Dilma virá mudar, tenho a impressão que vocês são marionetes de um partido que a muito se corrompeu, nesse sistema político de libertinagem, é muito difícil não cair nas armadilhas do consumismo, não se iludir com a vida boa dos afortunados. É preciso se ter muito caráter, dignidade, honra, mas não... Como sou um tolo, um romântico, infantil, por pensar assim. Acho mesmo que o que está acontecendo politicamente com o Brasil é a falta de pessoas realmente comprometidas com as bases e com o futuro da Terra, que realmente leiam sobre os efeitos dessa evolução equivocada; a quebra dos elos, que ligam a miséria à riqueza, é extremamente visível, palpável, nojenta e descarada. Acho mesmo que esses caras todos, todos mesmos, acham que todos os brasileiros são acéfalos. Pois na verdade não há um que preste, me desculpe a Marina Silva, a quem declaro depositar o meu voto pela coerência de seus discursos, mas não vejo sentido é nesse sistema de governo, que permite todo tipo de falcatrua e não pune e, pelo contrário, estimula a corrupção; e que põe na cadeia, tratando-o como um bandido, um simples e relaxado usuário de maconha - Um dia escutei vossa excelência dizer na rádio, que os jovens começam nas drogas puxando um baseadinho - Mas que bobagem, meu presidente alcoolista, pois o caminho pras drogas está na distância entre os filhos e os pais e seus reflexivos exemplos. A bebida alcoólica é o primeiro passo dessa rede criminosa do tráfico, ela endoida, alucina, torna as pessoas violentas e vicia. Caia na real, meu presidente, vossa excelência está lidando com gente, com a gente brasileira (se é que isso lhe tem algum valor).

LCB_2008mar28

quinta-feira, setembro 09, 2010

Sociedade do automóvel


Tenho uma coleção só de fotos captadas no cotidiano do trânsito, de ações agressivas e desrespeitosas quanto aos pedestres, cheguei a preparar uma porção pra fazer essa publicação, mas cheguei à conclusão de que apenas uma dessas bastava. Essa que mostra os dois estudantes, em plena Via Expressa, caminhando pelo asfalto - já que não há calçada nem acostamento ! - É significativa porque, para quem a conhece, a Avenida Menino Marcelo (como é também chamada) de ‘expressa’ só tem o nome, nada mais. Talvez seja expressa por ter sido feita as pressas para os automóveis e se esqueceram que naquela região habita bem um terço da população de Maceió. Perceba que o estudante sinaliza, querendo nos dizer que faz de conta que há uma calçada ali e a sua companheira, pelo visto, está morrendo de medo. Essa foto data 15 de julho de 2006, e até hoje quase nada mudou, mesmo com o shopping center que fora construído bem próximo daí. Mas na verdade fiz essa publicação para anunciar um filme que ainda não assisti, porém ao ler sua sinopse automaticamente me senti na obrigação de divulgá-lo sem tê-lo visto, e que com certeza o verei. Leia abaixo as informações e a sinopse. Até lá.

Cine CESC 19horas

Sociedade do automóvel (direção: Branca Nunes e Thiago Benicchio, 2005, Brasil, 39min, cor) – Classificação Livre.

(atividade relacionada ao Dia Mundial Sem Carro – 22/09)
Sinopse: 11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia. No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas. Homens e mulheres asfixiados pela poluição, crianças enjauladas pelo medo. Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva, angústia e solidão. Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. O que é público é de ninguém (ou daqueles que não podem pagar). Cenas de uma cidade degradada pelo planejamento urbano equivocado, pela devoção ao automóvel e pelo uso irracional do transporte particular.

Programadora Brasil, Fecomércio e Sesc/AL

Local:  
Teatro SESC Jofre Soares 
SESC Centro, quinta feira, 23 set 2010, às 19 horas.

LCB_2006jul15

terça-feira, setembro 07, 2010

Ninho de Beija-Flor


Assim que comecei a caminhada na subida do Caminho dos Escravos*, bateu-me uma impressão de que ali eu encontraria um ninho de uma beija-flor, não sei por quê ? Lembrei de um que tinha encontrado na subida da Cachoeira da Fumaça em Lençóis, na Bahia, que ficava encaixadinho numa bifurcação de um galho de um pequeno arbusto. E não é que eu encontrei um. Humm... Que maravilha de ser. Lá estava ela, ou ele, não sei, misturado entre as folhagens, dentro do ninho, bem quietinho, observando cada movimento meu.

LCB_2010jul18
* A Trilha dos Escravos é um atrativo que leva ao topo da cachoeira Véu da Noiva e sua respectiva nascente, denominada de Mãe D'água. Sua construção, como o próprio nome diz, foi feita por escravos para auxiliar o transporte das riquezas minerais da Serra do Espinhaço durante o ciclo do ouro e do diamante ao longo do século XVIII. O caminho é íngreme, pavimentado de pedras e cercado por vegetação de cerrado. Dele se tem uma vista do Morro da Pedreira e da região do distrito de Serra do Cipó, antigo Cardeal Mota.
( http://www.villagedaserra.com/atrativo.asp?cod=12 )

quinta-feira, setembro 02, 2010

Larica


Daqueles que perambulam pela cidade, que vivem de doações, achados e/ou furtos; horas profissionais da reciclagem, catadores; horas miseráveis surtados, perdidos no tempo, com vergonha de voltar pra casa; pessoas abandonadas; tantas nascidas abandonadas; do nada, pro nada; expostos indigentes, alguns tranquilos habitam as vizinhanças; outros de espírito cigano se deslocam por toda cidade, poucos a conhece na palma da mão. Mas quase todos têm um lugar onde ‘pernoitam’. São pessoas que se referenciam por segundos no trânsito, um pouco mais de contato ao caminhar, estão por aí, cada um a sua personalidade, horas bêbados, cambaleantes e agressivos, horas cansados, encostados, horas reunidos em pequenos grupos, existem, em Maceió tem algumas centenas. São guardiões dos becos, das praças, na encosta o casebre de papelão, casam, continuam as vidas de perâmbulos, criam filhos e envelhecem. Na foto, detalhe dos ingredientes do almoço, sobre a mureta da Praia da Avenida.

LCB_2010jan15

segunda-feira, agosto 30, 2010

Adoro cobrir futebol


Gostaria de contar uma piada que um dia me contaram e só em campo pude ver que a piada tinha essências legítimas, quando percebi o acontecido ri mais que no momento em que me contaram a piada. É o seguinte, é bem simples, em qualquer campo do mundo, quando se chuta uma bola que raspa o travessão toda torcida agitada grita: UUUUUUUUUUUUUUU ! Só que em Maceió é diferente, as torcidas gritam: ViiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiXXXXXXXXXX  ! Mas só indo mesmo a campo para confirmar. É ver pra crer. Publico aqui algumas boas fotos que fiz para o caderno de esportes. Todas de 2006.


LCB_2006jul16, 2006jul17, 2006nov25 e 2006set18

Sequência feliz


Os Repórteres Fotográficos geralmente são condenados a se posicionar por trás do travessão nos campos de futebol, e alguns trechos da área lateral. Por vezes são colocadas placas com propagandas que funcionam como barreira para haja uma maior aproximação com a jogada do gol. Nesse dia excedi, percebi uma brecha entre duas placas bem perto do fundo da rede, sutilmente me aproximei, acocorei, e posicionei a câmara quando aconteceu a jogada. Foram três disparos. A ousadia muitas vezes nos permite sair um pouco da composição convencional. Como nesse caso, consegui a seqüência do gol vista do fundo da trave.

LCB_2006set19

sábado, agosto 28, 2010

Diamba


Um dia li um comentário do João Ubaldo Ribeiro sobre as fofocas permanentes ligadas a atriz Vera Ficher: “Tudo que falarem de bem sobre ela é verdade, e tudo que falarem de mal é mentira”. Não vou fazer uma comparação da Vera Ficher com a maconha, mas vou aproveitar essa questão ‘do que falam’ sobre determinadas realidades. Estou cansado de ouvir uma infinidade de conversas mentirosas a respeito da maconha, um show da hipocrisia, teleguiadas pelos Meios de Comunicação de Massa que julgam certo o consumo exacerbado de bebidas alcoólicas. É muita ignorância, alienação de massa mesmo. A cegueira de se ver com sensibilidade, de parar pra ver de que se trata, de conhecer através de pesquisas e usuários. Fala-se pelo que dizem, apenas. Fofoca. Dizer, por exemplo, que o início do caminho pras drogas é ela, não é verdade; pois antes aprendeu em casa a consumir bebidas alcoólicas (até mesmo o exemplo dos pais, tios, irmãos), cigarros, café, e até a programação da televisão, que induz a sociedade à não reflexão, ao não pensamento. O caminho das drogas é a distância entre os filhos e os pais e seus reflexivos exemplos. Não quero fazer apologia plena à maconha, mas o fato de conhecê-la de perto, sentir seus efeitos, como também de outras drogas, diante esse universo Kapitalista que corrompe das castas mais trancafiadas a dignidade das tradições, assistir diariamente essa apológica televisão brasileira da cerveja gelada e das mulheres objeto. Esse antro de futilidades e notícias arrumadas. Quero dizer que não é um bandido quem fuma um baseado, pelo contrário, quem se embriaga no álcool está muito mais propício a atos de vandalismo e agressões plenas, que o relaxado maconheiro. Quero dizer que existe um falso dogma, aplicado pelos poderes sucessivos da democracia (vislumbrado no modelo Norte Americano), que deduz ser um cidadão perigoso, um assassino frio, um estuprador obcecado, um assaltante oportunista, tudo que há de ruim na lista de crimes das leis mundiais, e é tudo mentira. Como pode uma sociedade culpar o consumo de um planta medicinal que não apresenta índices negativos quanto às relações humanas, enquanto os Meios de Comunicação de Massa induzem-nos ao consumo do álcool. Isso é hipocrisia, qualquer pessoa que pense e realmente conheça saberá que se trata da teoria dos ‘valores invertidos’. É aquela máxima que diz: “Uma mentira contada mil vezes, vira verdade”.

Assistam esse documentário (15 capítulos)

O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (1/15)
http://www.youtube.com/watch?v=NKEfJU73HRI
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (2/15)
http://www.youtube.com/watch?v=urlZ3TJ_lwg&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (3/15)
http://www.youtube.com/watch?v=NEFigydLEU4&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (4/15)
http://www.youtube.com/watch?v=JSMfFN4RQDw&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (5/15)
http://www.youtube.com/watch?v=Tq3FJn2kvTQ&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (6/15)
http://www.youtube.com/watch?v=1bTzxOkp4v0&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (7/15)
http://www.youtube.com/watch?v=lMuNfWiijw0&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (8/15)
http://www.youtube.com/watch?v=UcHeYbqCWNA&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (9/15)
http://www.youtube.com/watch?v=_eQnC05pTWk&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (10/15)
http://www.youtube.com/watch?v=E8hk2l1kpLs&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (11/15)
http://www.youtube.com/watch?v=RHnar7XNxEs&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (12/15)
http://www.youtube.com/watch?v=0ODol5vD0EE&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (13/15)
http://www.youtube.com/watch?v=n30ueSb9Azs&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (14/15)
http://www.youtube.com/watch?v=bEaGblIbHKI&feature=related
O Sindicato: Os negócios por trás do barato - (15/15)
http://www.youtube.com/watch?v=xB9xKfiiq7Q&feature=channel


LCB_2010jul31

quinta-feira, agosto 26, 2010

Heróis !


Há anos atrás li numa revista Seleções uma pesquisa com fundamentações temáticas diversas, entre as quais a seguinte questão: Quais dos profissionais no âmbito social que vocês mais confiam e quais os que menos confiam. Dos mais confiáveis, com 87% de índice, os bombeiros lideraram o ranque e inversamente proporcional, com os mesmos 87% negativos, não confiáveis, vieram os políticos. Acredito que essa pesquisa tenha sido feita nos Estados Unidos, mas para o que quero aqui falar, não importa, pois com certeza os bombeiros por aqui também são louvados e honrados. Entre tantas pautas que cumprimos no jornalismo, vez por outra nos deparamos com os bombeiros em pleno salvamento, em situações das mais adversas, quase sempre muito bem acolhidos, aplaudidos, emocionantemente ovacionados. São realmente os super-heróis de nosso cotidiano.

LCB_25jan2010

segunda-feira, agosto 23, 2010

O que será, será, do seu amanhã, será.


Há dois meses atrás essas pessoas não eram flageladas, moravam humildemente em suas casinhas, decentemente, tanto que as crianças parecem não terem perdido da alma a fantasia do universo lúdico. Percebe-se que elas não nasceram na miséria. Pobres, a pobreza fica um pouco acima da miséria, e miséria é esse estado a que vivem hoje, como ‘flagelados de cheia’. A enchente, em efeito tsunami, levou as casas com toda mobília e pertences, deixando-os a depender de donativos. É triste perceber o descaso, diante ações que deveriam ser emergenciais, para com pessoas tão ordeiras, cidadãos que nasceram ali, famílias de raízes centenárias. Esse caso, como tantos outros, não trata especificamente de uma transição apenas de lugar, trata-se de gente que perdeu por completo sua identidade. Pra descrever tamanho sofrimento cito um trecho de Patativa do Assaré: “Tudo sofre e não resiste/ este fardo tão pesado,/ no Nordeste flagelado/ em tudo a tristeza existe./ Mas a tristeza mais triste/ que faz tudo entristecer,/ é a mãe chorosa, a gemer,/ lágrimas dos olhos correndo,/ vendo seu filho dizendo:/ mamãe, eu quero morrer!”.

É triste assistir, bem diante nossos olhos, uma mãe assim viver. Tendo seu filho surtado com o acontecido, há um mês está interno num hospital psiquiátrico, e o marido também surtado que passa mal quando vê sua família naquele estado, se refugiando num sítio de amigos. Dona Maria do Socorro, firme, sem desistir de dar a volta por cima, persiste, convivendo naquele abrigo insalubre com pessoas que nunca houvera sequer visto antes, bêbados e viciados em crack, outras famílias como a dela, muitas crianças, velhos e cachorros, tudo para proteger o pouco dos bens que pôde salvar da enxurrada e ao mesmo tempo por temer não estar presente em momentos importantes de cadastramentos, doações ou qualquer oportunidade para sair dali. Ela no dia 18 de junho de 2010 acordou para um pesadelo que parece não ter fim. A inexistência de expectativas, com promessas por demais prolongadas, sem lenço e sem documentos, sem parentes importantes, a mercê principalmente do poder público e aqui e ali da ajuda de pessoas e grupos sensibilizados. Dois longos meses vividos numa amargura ardente, numa angústia intermitente, sem saber o que fazer.

E o que pensam as crianças que estão vivendo essa tragédia, o que marcará em suas vidas, terão seus caminhos desvirtuados ? De príncipes e princesas, tornar-se-ão flagelos do futuro ? Um entrave em seus destinos. A elas o governo deve a dignidade. Assisto a campanha eleitoral e me dói no coração perceber o derrame de dinheiro público e privado, os discursos mais fajutos, a mentira escancarada diante realidades tão alarmantes. Poderiam eles, todos os candidatos, investirem seus esforços e interesses para o bem comum, mas não, não é isso o que vemos, não é isso o que acontece. Entra governo e sai governo e nada muda. Enquanto essas elites da mamata pública continuam com o enriquecimento lícito da corrupção oficializada, a exemplo o Estado de Alagoas, a miséria, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados), atinge 1/3 da população, 32,2%. Refletindo o acontecido, em pelo menos 9 cidades alagoanas, possa hoje esse índice permear os 40% da população. Copilando à reflexão o Barão de Itararé: “A pessoa que se vende sempre recebe mais do que vale”. Pense nisso ao votar ou vote nulo simplesmente.

LCB_2010ago18