quinta-feira, dezembro 09, 2010

Sinais do tempo de vida


 Os cabelos brancos, a costa encurvada, um pano pendurado no ombro e a gola do vestido um pouco desajeitada, mostram essências visíveis da idade dessa mulher: a fragilidade do corpo do ser animal. Ponho-me a tentar imaginar o tanto que ela viveu. Pela simplicidade, o quanto que ela sofreu. Pelo semblante, o quanto ainda viverá. Sei lá. Gosto do quadro, da luz intensa difundida (foi num momento em que nuvens encobriram o sol), da suavidade de um silêncio provável, pela temeridade sombria da morte. Todo ser que envelhece, em suma, aproxima-se da morte inevitável. Embora acidentes possam acontecer, doenças, o tempo haverá de gradativamente abrir-nos os caminhos do além.

2007jun29

Água mole e pedra dura...





 Flagrante sequencial do momento em que uma onda percorre de viés estourando no muro onde uma garotinha passiva observa. Esta sequência foi captada durante uma cobertura jornalística sobre as ressacas que destruiu parte das casas da Barra Nova, na Ilha de Santa Rita, em Marechal Deodoro, Alagoas, em setembro de 2006. Acredito que toda essa tragédia se deu graças à devastação do manguezal que protegia aquela orla das marés do Oceano Atlântico. Espaço transformado em um dos Pontos Turísticos da região, a Prainha, que gradativamente, com a influência da presença humana, foi-se devastando criando praias livres daquela vegetação. Voltei lá em fevereiro de 2010, quando outra ressaca atingiu furiosamente as edificações da orla, e eu pude conferir que já não havia mais qualquer vegetação, pondo em risco inclusive a ilha, que passa a não ter mais aquela muralha de vegetais que a protegia, recebendo direto toda maré do mar, a cada nova ressaca. No fundo das fotos, onde se vê alguma vegetação e a linha horizontal de ondas estourando, havia uma parede constituída de intenso manguezal. Sem a vegetação não há proteção. Definitivamente a Prainha é um dos grandes crimes ambientais a esta APA (Área de Proteção Ambiental). De resto a poesia da imagem ritmada nos frames aqui expostos como denúncia.

LCB_2006set08