segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Pelas ruas da cidade 001


A cidade e o porto, uma cidade porto, todas as vias da cidade se dirigem para o porto, um porto quieto, silencioso e vivo, pulsante, tão real que até parece brincadeira, as vezes nos dá a sensação de que podemos tocar aqueles navios que vêm e vão... Nesse cotidiano lírico, dessa praia da Paz, dessa enseada aberta do Atlântico Sul, porque navegar é preciso, a gente se deslumbra nessa miragem sem fim, nesse pedaço de uma cidade que parece que é feita de papel. Exatamente esse miolo de cidade é meu berço, o bairro do Jaraguá, o Porto do Jaraguá, por onde suspiro de saudade e plenitude, onde de recordações ressuscito das lembranças a minha singela infância...

LCB_03set2009

Na estrada 001


Possa um cético descrer da sensibilidade alheia, possa o mundo inteiro dizer para um artista que ‘aquilo’ não é arte, possa tudo vir de encontro aos conceitos, às idéias, ao sentimento, ao amor e à dedicação do poeta, esse artista de linguagem distinta, diante sua obra... tudo, tudo, tudo, às avessas. Na sensibilidade da criação diante a realidade da obra pronta, através da força da vontade, persistente, segue a saga da nau produtiva, entre intempéries e calmarias, cumprindo seu papel existencial.

No quadro, de repente, um elemento primário, parte de uma palavra, ‘BOM’beiros, num caminhão-pipa de usina, com um cidadão, deitado em uma rede esticada no vão da carroceria, pode nada representar para tantos que passaram por ali, mas para este poeta foi mais um flagrante da concepção de arte, uma composição absolutamente ao natural, cena corriqueira, momento, em movimento, de passagem, dentro do carro que vai passando, veloz, pela estrada, perceber e agir, sem atrapalhar a viagem com paradas demoradas, mirar, achar o foco e clicar, durante um lapso de segundos. A sensibilidade do Ver, através do quadro óptico da câmara, com reflexão permanente, intuito e ‘faro fino’, de caçador, agilidade e percepção, são conceitos naturais da aura artística que emana da sensibilidade do poeta que a evoca.

LCB_2010fev15