domingo, abril 04, 2010

Mal -me-quer Bem-me-quer


Tenho falado, que há um grande problema no fotojornalismo, quanto à foto-arte, devido ao momento e ao relógio. Não podemos perder tempo parando em cada canto que chegamos, muito menos devemos nos desconcentrar da pauta, principalmente para ficar fotografando ‘florzinhas’... Temos sempre de nos desdobrar para arrumar um jeitinho pra fazer aquela foto que tá ali, que a sensibilidade poética do jornalista da imagem percebeu. A pauta é geralmente completamente outra. Como nesse caso. Não especificamente, pois adoro fotografar as flores, tenho uma coleção maravilhosa de uma porção delas. Adoro rever meu arquivo de flores. Tem pra lá de mil. Todas as cores, plenas, lindas, sei nome de quase nenhuma, não importa, as fotografo. Às vezes elas ficam com péssima iluminação, outras vezes perdem o foco (que não fiquem muito borradas), corta um pedaço, enfim, acho que tento captar um pouco de tudo do que vejo... Pra mim a poesia está em todo lugar, às vezes minuciosos, outras vezes absolutos... Sensibilidade se aprende, sim, praticando, tudo se aprende; se aprende a ver, se aprende e se modifica, a mente humana se adapta – É incrível ! – às mutações. Crescemos com o conhecimento. A curiosidade é a marca da coragem aplicada – Porque não ?! – nas ações que praticamos no cotidiano. A última pétala murcha, prestes a mergulhar na queda existencial da renovação vegetal – Mas que sentido tem essa florzinha murcha aí ? Pergunta o cético – o que me fez vislumbrar uma brincadeirinha dos apaixonados, que arrancando, uma a uma, as pétalas de uma flor, dizendo a cada uma ‘mal-me-quer’ e próxima ‘bem-me-quer’, até a última que restar, que pode ser mal ou bem me quer. Apaixonadamente...

LCB_2008ago22