domingo, maio 16, 2010

A CHAMA


A pira clama a labareda acesa e inflama a luz, que ardente branda e baila suave ao vento, a vida ereta, latente, emana o calor no silêncio existencial desse corpo impalpável, dessa aura admirável que seduz, no corpo viril de Angra, deusa Tupi-Guarani, a queimar toda alface de sua energia vital. Que nem Prometheu, que se apoderou do fogo dos deuses em sua fonte primitiva ocultando-o num cabo de bengala. O fogo em seu estágio de glória: a chama.

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sábado, maio 15, 2010

Um Príncipe no Papódromo


Sem comentários à Santíssima Igreja Católica, no semblante do seu pontífice Papa João Paulo II, talvez o mais carismático de todos, quanto a vossa omnipresença nas terras alagoanas, especificamente num templo criado para recepcioná-lo: o Papódromo.  Um ambiente onde se poderia persistir a atmosfera plena das culturas (que fosse apenas de práticas religiosas !), então abandonado, ao desprezo público e político, em ruínas padece a aura dessa entidade representativa, da ordem decrescente do Deus, tão importante pra toda gente desse país dito 100% cristão. De tais ruínas vi surgir um pequenino gato branco, esfomeado, que titubeando partiu em minha direção como que implorando por água e comida, e carinho. Nessa foto utilizei de uma técnica que chamo de ‘ver com os olhos das mãos’. Trata-se do domínio que adquirimos, ao longo da prática cotidiana da captação, no uso contínuo da mesma câmara e lente, a partir da visão, através da sensibilidade espacial do manuseio da câmara sem a orientação direta dos olhos através dos visores a que vislumbramos quase sempre nosso quadro (fotografia), do enquadramento conseqüente ao click. Como sempre, com o tempo estourado, ao ver tal infantil criatura a se comunicar comigo, rapidamente agachei-me e pondo a câmara rente ao chão percorri, em marcha ré, imaginando concretamente cada frame que ia produzindo, captar esse quadro bastante interessante. Pois, para quem o vê, mais parece que o felino é mesmo uma fera, que tá bravo, em posição de ataque, protegendo o santuário esquecido por seu povo. Quanto ao gatinho nada pude fazer, estava no automóvel do Jornal, entre pautas, e não trazia qualquer alimento comigo, nem água, mas percebi que havia crianças distantes e um movimento constante de transeuntes que moram ou visitam a Favela do Papódromo. E quanto ao Papódromo, lamento. Acho que bem poderia ser um espaço para shows e eventos populares (eruditos ou artesanais), como apresentação de orquestras, missas, cultos, peças teatrais, exposições, oficinas, enfim, menos tudo aquilo que está lá: descaso e depredação; ladeado de miséria humana explícita.

LCB_03mar2008

sábado, maio 01, 2010

Acesso restrito

Barrado pro baile.

Mas que vexame ! Após toda cobertura do Campeonato Alagoano de Futebol, cobrindo praticamente todas as rodadas, nos vem a ACDA (Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas), na partida final, nos impedir do cumprimento do dever. – Tivessem feito isso no princípio do Campeonato ! – Além do mais eu não faço parte dessa elite de ‘cronistas’, sou um simples repórter fotográfico, um jornalista. Tenho minha obrigação para com a Sociedade Civil ! E não sei por que sou obrigado ter uma ‘carteirinha’ de cronista, que não sou, ou se sou, ali estou como Foto-jornalista, minhas crônicas então serão escritas através de flagrantes em movimento, de momentos expressos em luz e sombra envoltos ao contraste das cores, em linhas e pontos de luz, expressões, ângulos e aberturas, foco. Uma ínfima e absoluta relação do raciocínio abstrato da concepção do quadro a se compor com o dedo indicador direito, além das técnicas aplicadas à companheira câmara. Poder-se-ia então, criar uma “Carteira Deliberativa de Acesso aos Campos de Futebol de Alagoas”, deste modo seria realmente até mais estimulante adquirir uma. Sinceramente, aos cronistas cabem suas ‘carteirinhas’, apenas a eles – ou não são uma Classe ? – Não é estimulante, para mim, associar a uma instituição qualquer relevada à outra qualquer digna Classe, acho mesmo que para a própria categoria, a própria profissão, não é interessante essa vulgarização da ‘carteirinha’, pois essa ‘carteirinha’ de algum modo é nossa identidade.

Impedir que um jornalista exerça sua função, ou até mesmo, como foi o caso, apenas tornando a relação um pouco mais dificultosa, limitando acessos, acho que é um dos mil e um casos a se discutir em nossas profissões de comunicadores. Como pode ?!!! Um companheiro de batente, que conhece todas as nossas dificuldades, nossa humilde condição de vida, essa ralação cotidiana da imprensa pulsante presente em tudo que cheire notícia. À Imprensa cabe a responsabilidade de traduzir os fatos, com a máxima fidelidade de dados, ao Público Civil, o que nos remete à Formadores de Opinião. – Esse negócio desse povo do jurídico, legislativo e poderes afins brasileiros querer desclassificar a profissão de Jornalista é pura ação da trogloditagem bandida e corrupta, que tenta de todas as formas calar-nos !… – Refletindo o fato de terem barrado a todos os Jornalistas, não credenciados com as tais carteirinhas ACDA, sabendo que durante todo o campeonato ouve a liberação, pergunto-me por quê ?, apenas na partida final essa atitude tão impiedosa ? Porque não o fizeram logo no início ? Todos já estaríamos, com certeza, filiados a essa tão digna categoria de cronistas. Mas o mais cruel disso tudo é impedir o desenvolvimento de um trabalho jornalístico. Sinceramente julgo culpado um caráter perverso, uma atitude covarde. À mim um sentimento múltiplo de indignação e humilhação. Desculpe-me, Sr. Jorge Moraes, presidente da ACDA, mas o que me dói é o castigo ! Sinto-me humilhado por não ter ainda procurado a ACDA para associar-me, já que sabia dessa obrigação de possuir uma carteirinha da ACDA, lamento, mas realmente nunca me senti obrigado a tal associação. Sou associado/filiado ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de Alagoas, vinculado à Federação Nacional dos Jornalistas, e como jornalista, talvez iludido, pensava ter livre acesso a esses tipos de coberturas. Mas vejo que meu Sindicato parece estar cada vez mais longe de mim, e eu terei de me render a não querer ser o que não sou e passar a ser, também, mais um Cronista Desportivo do Estado de Alagoas. – Mas que besteira ! – Tudo isso mais parece brincadeirinha de menino levado. Nada mais.

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Homo(cyberisóptero) sapiens tecnos


Sob a égide do Kapitalismo vivenciamos um momento culminante de uma Era. Conduzidos por um consumismo de rés, enfileirados na estrada restrita aos arames farpados, calçadas e paredes, protegidos pela lataria de um automóvel, os ‘Homo-cyberisóptero sapiens tecnos’ agem de modo soberano, sobre si-mesmos, enganando-se nas próprias mentiras, avançando para um futuro fora daqui, porém não sabem bem para onde ir, com a sua bela nave de Noé. Pasmo, um Homem simples, alienado em seu pequeno universo cabível, acorda todos os dias e mantém a rotina, levado, pelas necessidades básicas existenciais, a cumprir as funções sociais profissionais; com o destino honesto, íntegro e obediente, com sua gentileza característica encontra um pouco de felicidade nessa parafernália urbana. Nesse universo dos automóveis, o ser humano transformou-se num cupim, pensa como um cupim, age como um cupim, tanto, que até excede a capacidade humanóide da inteligência simples do Homo sapiens sapiens. O pior é a capacidade dos Syber-Cupins Dominantes em aceitar a miserabilidade do gentio sem lapso de culpa, sobre o argumento de seus merecimentos ao poder. Numa balança absoluta, de milhões de tentáculos, a desigualdade sob a égide de Criaturas Iluminadas que confortam as religiões, numa traumática evolução; uma involução decadente, cheia de tudos e nadas, num mar de linguagem chula e costumes subordinados às mentiras da propaganda; Nas ruas da cidade, onde a plena maioria circula com sua casquinha de lata, rodeando os quarteirões, irrequieto, barulhento, egocêntrico, o coração humano dominado pela ilusão das facilidades que essa casca motorizada lhes apraz. - O Ser Humano não se dá mais tempo ! Não curte as coisas mais simples das relações: a paz; o carinho; o silêncio; o puro amor; o pensamento em vão; o ar que respira; o deslumbramento em si; a consciência da comunhão com a natureza; o senso da divisão... - As ações dessa maioria absoluta são catastróficas, têm pouco respeito pelos que caminham, navegam em velocidades estonteantes, acham-se sempre superiores, pois parece que são máquinas, não gente.

- Gente ! “Não sois máquinas. Homens é que sois !” (C. Chaplin)

Para ilustrar esse texto escolhi uma foto quase cômica, não fosse a gravidade da realidade. Uma placa, na Via Expressa, numa falsa calçada ou calçada nenhuma, que atenta para a passagem de idosos e/ou crianças, prova absoluta das péssimas gestões políticas de trânsito, quanto à natureza bípede do Humano em seu ato de caminhar. Por mais que se argumente que por ali trafegue apenas uma pessoa a cada dez anos, pois esta pessoa merece o respeito de poder trafegar seguramente. Mas a placa indica que há gente que por ali trafega, que são obrigados aos riscos do desvio pela pista dos automóveis.

LCB_21jan2010