sábado, fevereiro 18, 2012

Um Homem Roubado Nunca Se Engana


Situações embaraçosas são cotidianas entre as relações humanas. Vai e vem encontro-me diante fatos corriqueiros onde os espertalhões estão a movimentar seus palitinhos para de algum modo nos ganhar alguma coisa. Desta vez me veio de onde menos esperava, no lastro do sindicato ao qual sou cadastrado como Jornalista Profissional. Especificamente do advogado, que deveria proteger os interesses dos trabalhadores da categoria, quando em uma negociação, no dia 23 de março de 2011, com o Supervisor de Recursos Humanos da Empresa ; na sala estavam mais dois integrantes do sindicato.

Pois bem, o Supervisor RH nos apresentou o Termo de Rescisão de Contrato, com uma cópia para cada parte e uma para o sindicato. Quando questionado pelo pagamento, argumentou que tinha apenas um cheque referente à Rescisão, sem a parte referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e multas, argumentando que pagaria no dia 06 de abril de 2011. Nesse instante meu posicionamento foi absolutamente contra o recebimento do cheque apresentado, pois eu sabia que, se acaso o recebesse, a empresa não depositaria tão cedo meus merecidos créditos do FGTS. 

Porém o Sr Advogado interveio na negociação, totalmente convencido e convincente, indagando-me que seria melhor eu pegar o cheque e que se ‘eles’ não pagassem como previsto, seriam obrigados a pagar a cada mês de acordo não cumprido, além do FGTS com os dividendos, mais um salário (o piso da categoria) corrigido também mensalmente. O retruquei, pois sabia que isso não era verdade, que se eu recebesse aquele cheque estaria sanada a negociação da Rescisão, e o que restara seria apenas o FGTS e dividendos inerentes. E o Sr Advogado assegurou-me que não, “eles não são nem loucos de não pagar”, quase esbravejou, e repetiu a mesma conversa, falando que pagariam a cada mês de atraso, além dos trâmites do FGTS, um Piso corrigido mensalmente; retruquei novamente e este manteve seu argumento. Convencendo-me a aceitar o cheque e assinar o documento. Após eu ter assinado, vi que toda negociação teria sido anotada nas costa de uma página, era a ressalva que o advogado escreveu e que foi rubricada por nós três.

Chegou o dia 06 de abril de 2011, liguei para o Sr. Supervisor RH e como resposta obtive um argumento de que a Empresa estava com um probleminha e que só no ‘próximo mês’, com certeza, me pagariam. Liguei para o Sr. Advogado que me aconselhou aguardar a negociação. Nessa maré mansa de uma justiça sem forças imediatas, diante empresas que brincam com os merecimentos dos trabalhadores, que são forçados a buscar recursos especiais nessa própria justiça, - Isto é, o que é obrigatório torna-se uma chacota ! - chegamos a um ano na mesma conversa, nada fora depositado. 

Praticamente todos os meses eu liguei para o Sr. Supervisor RH e obtive sempre uma nova desculpa, “mudou a direção”, “Seu processo está na lista das prioridades”. Foi quando procurei novamente o Sr. Advogado, no Sindicato, no dia 02 de fevereiro de 2012. Cheguei um pouco mais cedo e antes da chegada do advogado, encontrei um dos sindicalista, que estava na sala o tempo inteiro da negociação, que quando indagado por mim sobre o conversado naquela sala, esbravejando negou tudo, falou-me que o advogado nada daquilo havia me dito, e sem mais conversa dirigiu-se para o recinto. 

Não deu outra. Com a chegada do advogado, em um tom com aspecto de ‘zombaria’ me indagou: - “Tá querendo ficar rico com esse processo, Castello Branco !”. - E a decepção confirmou-se. Negando ter dito o que disse no dia 23/03/11. Pior: a ressalva que havíamos, os três, rubricado estava em outra página, abaixo da Formalização da Rescisão, e rubricada apenas pelos dois (Sr. Advogado e Sr. Supervisor de RH), não havia a minha rubrica. Então percebi que havia uma armação contra a minha pessoa, que se acaso mantivesse a minha verdade, já que eles estão unidos ao que para mim é uma grande mentira, e eles são pelo menos dois (até então não falei nem com o outro sindicalista nem com o Sr. Supervisor de RH sobre o conversado naquela sala no dia 23/03/11). 

Mesmo que compactuem, ou não, com a mentira armada contra mim, o que leva aos outros todos do mundo a crer que as duas verdades são mais fortes que a verdade de minha pessoa. Então, nessa estória eu seria o mentiroso e mentiroso, por negar o que disse para mim, é o Sr. Advogado, que me ludibriou, me iludiu, e hoje quer que eu seja um idiota, que fique calado e admita, - não sei porque !? – essa mentira deslavada sobre minha honra. Nada posso falar quanto sobre o sindicalista, pois nada ele assinou, mas estava presente, porém, quanto a sua atitude brusca e sua fuga da verdade (02/02/12), levou-me a crer que há um envolvimento entre eles.

No mês de janeiro terminei um contrato com outra Empresa, a através da qual prestei serviços durante um ano para a Eletrobras Distribuição Alagoas. E com a papelada pronta pra dar entrada no meu Fundo de Garantia, o ‘caixa’ da Caixa Econômica Federal me falou que o documento deveria ser homologado ou no Sindicato da categoria ou no Tribunal do Trabalho. Procurei o sindicato, na pessoa deste mesmo Advogado. Ao lhe apresentar a papelada que havia recebido da empresa ele logo me perguntou: “Você já recebeu todo esse dinheiro que tá aqui ?”. Falei que não, que o pessoal havia me prometido pagar o resto no próximo mês. Então ele recusou-se a assinar a homologação do documento, falou que só homologaria quando eu apresentasse o comprovante de depósito de tudo que eu tinha direito. Forçando a Empresa a antecipar e quitar o documento. 

Foi essa questão que me fez pensar: porque ele não agiu assim com esta outra Empresa ?! Porque ele não agiu profissionalmente assim. Pelo contrário, quando reunidos com o Sr. Supervisor de RH contou vantagens convincentes, aconselhando-me a assinar o documento. - Que horrível ! - Estou mal. Péssima sensação de ter sido enganado. Com cara de otário. - Possam achar ! - Mas tenho o costume de confiar nas pessoas, lamento, é da minha índole.

Pois aqui estou, sem saber com quem possa contar, já que o Sindicato, representado nas pessoas do Advogado e do Sindicalista, fez sentir-me ‘um patinho fora da lagoa’. Culpa da minha insensibilidade de acreditar nas pessoas, como acreditei nas palavras deste advogado aqui citado, como também na palavra da empresa que não quer pagar o que tenho por direito. Escrevi esse breve relatório do ocorrido na intenção de alertar outros companheiros jornalistas a serem mais espertos quanto à credibilidade nas palavras e nas ações jurídicas com a representação deste Sindicato, na pessoa deste advogado.

Não sei se o Advogado ganhou alguma coisa por isso, pois para mim ele só perdeu. O sentimento de injúria, a sensação de vazio, o estado aturdido da mente enganada; como disse nosso poeta ‘caranguejo’ (Chico Science): “Da lama ao caos / do caos à lama / um homem roubado nunca se engana”.

Maceió, 16 de fevereiro de 2012.

Lula Castello Branco