Há dois meses atrás essas pessoas não eram flageladas, moravam humildemente em suas casinhas, decentemente, tanto que as crianças parecem não terem perdido da alma a fantasia do universo lúdico. Percebe-se que elas não nasceram na miséria. Pobres, a pobreza fica um pouco acima da miséria, e miséria é esse estado a que vivem hoje, como ‘flagelados de cheia’. A enchente, em efeito tsunami, levou as casas com toda mobília e pertences, deixando-os a depender de donativos. É triste perceber o descaso, diante ações que deveriam ser emergenciais, para com pessoas tão ordeiras, cidadãos que nasceram ali, famílias de raízes centenárias. Esse caso, como tantos outros, não trata especificamente de uma transição apenas de lugar, trata-se de gente que perdeu por completo sua identidade. Pra descrever tamanho sofrimento cito um trecho de Patativa do Assaré: “Tudo sofre e não resiste/ este fardo tão pesado,/ no Nordeste flagelado/ em tudo a tristeza existe./ Mas a tristeza mais triste/ que faz tudo entristecer,/ é a mãe chorosa, a gemer,/ lágrimas dos olhos correndo,/ vendo seu filho dizendo:/ mamãe, eu quero morrer!”.
É triste assistir, bem diante nossos olhos, uma mãe assim viver. Tendo seu filho surtado com o acontecido, há um mês está interno num hospital psiquiátrico, e o marido também surtado que passa mal quando vê sua família naquele estado, se refugiando num sítio de amigos. Dona Maria do Socorro, firme, sem desistir de dar a volta por cima, persiste, convivendo naquele abrigo insalubre com pessoas que nunca houvera sequer visto antes, bêbados e viciados em crack, outras famílias como a dela, muitas crianças, velhos e cachorros, tudo para proteger o pouco dos bens que pôde salvar da enxurrada e ao mesmo tempo por temer não estar presente em momentos importantes de cadastramentos, doações ou qualquer oportunidade para sair dali. Ela no dia 18 de junho de 2010 acordou para um pesadelo que parece não ter fim. A inexistência de expectativas, com promessas por demais prolongadas, sem lenço e sem documentos, sem parentes importantes, a mercê principalmente do poder público e aqui e ali da ajuda de pessoas e grupos sensibilizados. Dois longos meses vividos numa amargura ardente, numa angústia intermitente, sem saber o que fazer.
E o que pensam as crianças que estão vivendo essa tragédia, o que marcará em suas vidas, terão seus caminhos desvirtuados ? De príncipes e princesas, tornar-se-ão flagelos do futuro ? Um entrave em seus destinos. A elas o governo deve a dignidade. Assisto a campanha eleitoral e me dói no coração perceber o derrame de dinheiro público e privado, os discursos mais fajutos, a mentira escancarada diante realidades tão alarmantes. Poderiam eles, todos os candidatos, investirem seus esforços e interesses para o bem comum, mas não, não é isso o que vemos, não é isso o que acontece. Entra governo e sai governo e nada muda. Enquanto essas elites da mamata pública continuam com o enriquecimento lícito da corrupção oficializada, a exemplo o Estado de Alagoas, a miséria, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados), atinge 1/3 da população, 32,2%. Refletindo o acontecido, em pelo menos 9 cidades alagoanas, possa hoje esse índice permear os 40% da população. Copilando à reflexão o Barão de Itararé: “A pessoa que se vende sempre recebe mais do que vale”. Pense nisso ao votar ou vote nulo simplesmente.
LCB_2010ago18
É triste assistir, bem diante nossos olhos, uma mãe assim viver. Tendo seu filho surtado com o acontecido, há um mês está interno num hospital psiquiátrico, e o marido também surtado que passa mal quando vê sua família naquele estado, se refugiando num sítio de amigos. Dona Maria do Socorro, firme, sem desistir de dar a volta por cima, persiste, convivendo naquele abrigo insalubre com pessoas que nunca houvera sequer visto antes, bêbados e viciados em crack, outras famílias como a dela, muitas crianças, velhos e cachorros, tudo para proteger o pouco dos bens que pôde salvar da enxurrada e ao mesmo tempo por temer não estar presente em momentos importantes de cadastramentos, doações ou qualquer oportunidade para sair dali. Ela no dia 18 de junho de 2010 acordou para um pesadelo que parece não ter fim. A inexistência de expectativas, com promessas por demais prolongadas, sem lenço e sem documentos, sem parentes importantes, a mercê principalmente do poder público e aqui e ali da ajuda de pessoas e grupos sensibilizados. Dois longos meses vividos numa amargura ardente, numa angústia intermitente, sem saber o que fazer.
E o que pensam as crianças que estão vivendo essa tragédia, o que marcará em suas vidas, terão seus caminhos desvirtuados ? De príncipes e princesas, tornar-se-ão flagelos do futuro ? Um entrave em seus destinos. A elas o governo deve a dignidade. Assisto a campanha eleitoral e me dói no coração perceber o derrame de dinheiro público e privado, os discursos mais fajutos, a mentira escancarada diante realidades tão alarmantes. Poderiam eles, todos os candidatos, investirem seus esforços e interesses para o bem comum, mas não, não é isso o que vemos, não é isso o que acontece. Entra governo e sai governo e nada muda. Enquanto essas elites da mamata pública continuam com o enriquecimento lícito da corrupção oficializada, a exemplo o Estado de Alagoas, a miséria, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados), atinge 1/3 da população, 32,2%. Refletindo o acontecido, em pelo menos 9 cidades alagoanas, possa hoje esse índice permear os 40% da população. Copilando à reflexão o Barão de Itararé: “A pessoa que se vende sempre recebe mais do que vale”. Pense nisso ao votar ou vote nulo simplesmente.
LCB_2010ago18
Oi Luis,
ResponderExcluirE tao triste....
Beijos
Aida
Os comentários abaixo foram postados no blog de Lula Castello Branco em http://ojornalweb.com.br . Reproduzidos aqui.
ResponderExcluir#
Edson Filho disse:
23/08/2010 às 15:26
Parabenizo Lula Castelo Branco pela reflexão humana que as imagens e o conteúdo da matéria de sua autoria nos trás. O “passado” é o aprendizado que embasa nossas escolhas no “presente” e o “futuro” é o resultado dos primeiros. Neste momento em que decidimos eleger nossos representantes, é preciso recordar o que cada um construíu no passado, optar pelo melhor entre os melhores, só assim, teremos a certeza de havermos contribuido, de forma justa, correta e consciente, para um futuro melhor para todos!
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Dom Quixote D’la Mundaú Dom Quixote D’la Mundaú disse:
25/08/2010 às 1:43
Caro Edson, penso assim também. Mas estamos passando por uma crise moral muito grande. Os Homens sérios, dedicados e honestos estão restritos à política pública. Essa corja toda que vemos candidatos só pensam em ’se dar bem’, é a tal ‘lei do Gerson’, lembra do comercial ? Em que o ex-jogador diz: “Você só gosta de levar vantagem em tudo, certo ?”. Penso que existe uma urgência emergencial nas políticas públicas mundiais, principalmente as dos países subdesenvolvidos. É uma crise do Kapitalismo. A má distribuição de renda; o não investimento em educação, moradia, transporte, lazer, etc.; o alcoolismo implantado no âmago das relações, tratado como ‘não droga’, incentivado pelo Estado através de uma publicidade agressiva das indústrias, o que os publicitários chegaram a chamar de “liberdade de imprensa” (KKKKKKKKKKKKK); Nossa imprensa marrom, já está toda corrompida e extremamente tendenciosa. Mente. Enfim, pra quem pensa no mundo de modo poético, com plena harmonia entre os povos, entre as glebas, entre os visinhos, entre os irmãos… Utopia, né ?…. Tudo bem, mas acho melhor a utopia que a ignorância. Estimula-nos às boas ações, nos manténs íntegros. É muito bom acordar e dar bom dia a todos que vê pela frente. Ser feliz é tudo. Porém, como jornalista, sou formador de opinião, não posso deixar de dizer e agir contra essa onda de corrupção e desleixo social. A exemplo, percebamos o quanto se gasta numa campanha dessas, em quê ? Pra quê ? Pra quem ? Como ?… Enquanto sabemos da carência de escolas e de professores, de habitação popular, de transporte público de qualidade… Tudo isso eles embutem em seus discursos, mas entra ano e sai ano, entra governo e sai governo e os números, aqui em Alagoas, mantêm-se sempre no mesmo nível, negativos, enquanto os políticos enriquecem da noite pro dia… Há uma doença social a ser curada, para tanto é necessário que seja reerguida a bandeira da decência, da dignidade, da consciência cósmica… Por exemplo: Você prefere escutar o quê com sua família: Um clássico da MPB ou uma dessas músicas do tipo ‘boquinha da garra’ ou ‘bicicletinha de mini saia’ que as rádios nos empurra o dia inteiro ?… É uma crise moral. Sim. Acho que a coisa debandou. Desculpe-me o tom, meu querido Edson, nada que queira lhe atingir, apenas uma colocação sobre a finalização do texto do Lula, quando ele evoca o voto nulo, é pura indignação contra essa política e esses ‘cândidos’ candidatos que se nos apresentam a governar nossos Estados. Não há um sequer, um pouquinho assim, confiável. Por isso é importante clamar pelo voto nulo, que, por mais que o TRE não o leve em conta (a ponto de se anular uma eleição), fica a indignação dos cidadãos, por falta de um coro onde as expectativas existenciais possam frutificar as esperanças… Abraço cordial.
Dom Quixote D’la Mundaú