sexta-feira, março 26, 2010

Variação de lentes


A variação entre as teleobjetivas e as grande-angulares nos permite vislumbrar detalhes ínfimos e gerais, aproximar ou afastar objetos. Na questão enquadramento, além do posicionamento in-loco do ‘câmara’, a utilização dessas lentes é de fundamental importância, pois permite uma infinidade de tomadas, fechadas e abertas, onde o aproveitamento da luz e dos detalhes do ambiente ou do(s) objeto(s) produz características próprias à captação, ajudando na concepção da linguagem fotográfica quanto à informação a ser transmitida. Na questão profundidade de campo, principalmente as teleobjetivas, que oferecem maior detalhamento de objetos próximos e aproximação de objetos distantes, dependendo da sensibilidade e do manuseio correto do obturador da câmara, na distância longitudinal da perspectiva que se cria, chegando à terceira questão nessa variação múltipla das lentes: o ponto do foco, estipulado pelo posicionamento do fotógrafo.

Das fotos aqui apresentadas: Com uma grande angular (16mm*) em uma câmara do tipo reflex analógica, com utilização de filme, uma Nikon F-3, pude detalhar o total desprezo à obra arquitetônica em vista com a possibilidade extensiva da área de entorno, embora haja grande deformidade ótica, do tipo ‘olho de peixe’, a possibilidade de vislumbrar todo o ambiente, com a moldura das grades do portão enferrujadas, dão o tom próprio do objetivo denunciativo. Já nas fotos seguintes, a utilização de uma teleobjetiva (300mm) me permitiu captar minúcias de uma operação do Corpo de Bombeiros no topo da torre da Catedral de Maceió.

* Lentes AF e AE usadas nas câmaras analógicas, quando utilizada em câmaras digitais perde-se em relação ao comprimento focal. No caso da nossa 16mm, quando acoplada à uma digital, aplicamos o fator de multiplicação inerente às lentes DX da Nikon, que é de 1,5 (16mm x 1,5= 24mm), que corresponde a uma 24mm. No caso não seria possível tamanha amplitude de ambiente, nem, no entanto, também não deformaria tanto ou quase nada.

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sexta-feira, março 19, 2010

Na estrada 02


Ultrapassagem imprudente

A ação individual humana sobre rodas não tem limites ponderantes de comunhão existencial. Primeiro “Eu” ! Depois os meus ! E os meus dos meus... Em si ele é ninguém, alguém perdido em um universo próprio, num egocentrismo explícito, causa o caos e com sua arrogância sem qualquer gentileza infringe todas as normas e leis humanas de respeito recíproco. Tudo porque é ele quem guia aquela máquina de ferro*, o equilíbrio emocional é a tônica dos mais prudentes, num espaço comum de milhões de automóveis, entre ruas, becos, avenidas e estradas, um projétil disparado, conduzido por esse alguém, que cometerá essa ação individual de colocar vidas alheias em risco, quer seja imprudências em estradas ou estacionados em calçadas, expondo outrem ao vexame, à humilhação, à morte... Malditos Homens sobre as Máquinas. Sois covardes !... Sua pressa, seu comodismo, seu ciúme do seu automóvel, sua falta de gentileza, sua irritação, sua imprudência, sua doidice, seu mundo é o de todos; Essa aura poderosa que faz com que os possuidores dessas máquinas achem que podem tudo, inclusive, se possível, estacionar na porta do banheiro... Lamento pela inconseqüência de tantos que são alguns desses seres que se subrejugam maiores que todos os outros. Quão pequenos que são.

* Essa ultrapassagem é numa subida, os caminhões acima estão a 30 km/h, já chegando à curva. Benditos anjos que retardaram alguns automóveis que poderiam estar ali, naquele momento e ter dado de cara com essa parede de lata.

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sábado, março 13, 2010

Foto em movimento


Na primeira foto: já não era mais dia, já era ‘noite de natal’, câmara nas mãos, numa praça com mil crianças e seus devidos acompanhantes. Festa linda da minha amiga Thácia Simone, com brincadeiras, lanches e presentes do Papai Noel. De repente uma mulher, com uma criança no colo, corre para uma fila de presentes, nesse mesmo instante apontei a câmara para ela, apressada, acompanhei sua passagem, num mesmo movimento de rotação, dando um simples giro de ombro, desfigurando o fundo, perplexo de movimento com luzes da árvore natalina, permitindo, nesse sincronismo de ação, maior definição no corpo que se lança.

Na segunda utilizei a mesma técnica acima, do travelling com o eixo fixo com a câmara nas mãos. Um soldado do Corpo de Bombeiro entra em disparada no Hospital de Pronto Socorro com uma criança no braço, quase desacordada, para ser assistida emergencialmente. Bravos guerreiros, bravos bombeiros. A ti a sociedade só tem gratidão.

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quarta-feira, março 10, 2010

Ao dia das mulheres


O primeiro pensamento que um homem tem de uma mulher é a imagem da mãe, a mulher primeira, única, ligação umbilical, é aquela que nos carrega, nos conduz, desde a geração no óvulo até nosso amadurecimento existencial. Durante o longo da vida outras tantas mulheres aparecem: irmãs, vós, tias, primas, amigas - as amigas... das amigas tantas paixões !... – e esposa, assim a perpetuação fica bem clara. - O que mais um homem tolo pode dizer, sobre a mística e enigmática alma feminina ? - Horas tão frágeis, horas tão plenas... Companheiras de todos os dias.

A estória dessa foto é bem engraçada, pois essa é uma macrofotografia, esse quadro, numa dimensão real, não ultrapassa dos 10cm de largura, numa vegetação rasteira, entre os capins, na sede da Academia da Polícia Militar de Alagoas, em comemoração do Dia do Soldado. Pois bem, A guarda ainda não estava montada, havia um mundaréu de pessoas, jornalistas, familiares, oficiais, etc, foi aí que resolvi dar uma estudada no ambiente, o que faço em todo ambiente que fotografo. - Procuro saber onde fica(rá) meu objeto, para analisar a melhor tomada. - Foi quando cheguei ao gramado e percebi essa cena que a natureza humildemente nos oferta. Mas para tanto, tive que me acocorar diante tantos olhares, acocorado ficava muito distante, tive então que descer meu cotovelo até o chão, para descer mais, pra fechar mais o quadro, passei alguns minutos ali, nessa posição, de bunda pra cima, enfiando minha cara na grama, até finalmente clicar.

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quinta-feira, março 04, 2010

Pelas Ruas da Cidade 005

Gordas mamas, as mangas

É um só momento: estou dentro de um automóvel, com uma câmara fotográfica nas mãos, rodando toda a cidade; de repente paramos no sinal, ao meu lado tem uma banca móvel de frutas estacionada, com uma mulher a vendê-las – acho que não houve por mim o propósito – mas ao fundo, por trás das mangas, aparece a parte do corpo feminino bem onde se localiza o sexo, o que acrescentou ao quadro tamanha sensualidade. O tom vermelho predominante, as mangas de umbigos expostos, que lembram peitos femininos, a parede vermelha e listras também encarnadas desenhadas na textura do short da moça… Quer dizer, essa é uma leitura que faço agora, muitos dias depois de tê-la composto, enquanto procurava uma foto para publicar aqui. É claro que outras leituras serão feitas e outras interpretações vão rolar. Estou apenas cumprindo com meu papel aqui, nesse blog. Somos todos livres pra pensar o que quisermos, agir é diferente, temos que pensar, então, também nos outros.

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Pelas Ruas da Cidade 004

Todos carregamos nossas cruzes

Ainda temos muito que lutar, de acendermos as indignações, de suplicar aos deuses. Tamanho descaso com próximo, no universo pulsante dos Homens Automóveis, desprezo desde os berços, evolução para um mundo cada vez mais desonrado, sem dignidade alguma para uma multidão de almas perdidas, que sub-vivem num estado de miséria, junto à lama do próprio esgoto, aos ratos, lacraias, intempéries da natureza, enquanto o Kapitalismo as avessas brinda permanentemente com suas miraculosas criações, afinal de contas, somos todos, ou não somos, irmãos ?...

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