Estou barbarizado, perplexo, com a tendência da ‘escolaridade’ no Brasil. Pelas ruas da cidade outdoors vendem diploma de conclusão de segundo grau com um mês de aulas ! Fico a refletir: Matemática; Física; Química; Português, Literatura e Redação; Língua estrangeira; Biologia; Geografia; História do Brasil e Geral; Sociologia e Filosofia. Enfim, tudo em um mês. Fica claro que o interesse do Estado (Brasil) é de melhorar os índices tão negativos nas pesquisas sociais. Desculpe-me companheiro Lula Presidente da Silva, lamento se não tivestes tempo para o estudo e o parabenizo pela perseverança e inteligência ‘sócio-política’ que de ti emana, mas esse caminho da facilitação do acesso ao nível escolar é um crime contra toda disciplina e conhecimento a que tanto se lutou, e se luta, para popularizar.
Para engrossar o caldo, depois de o Superior Tribunal Federal dar a última facada em nosso diploma de Jornalistas (diga-se Gilmar Mendes & cia.), o SENAC de Alagoas lançou um curso de FOTOJORNALISMO em 40 horas aula (talvez inocentemente). O que me levou a essa reflexão, diante essa profissão reduzida a nível tão inferior. No curso de Jornalismo, no qual está inserida a profissão de Repórter Fotográfico (Fotojornalista), lecionam-se cadeiras como Estética e Cultura de Massa; Planejamento Gráfico; Comunicação Visual; Fotografia; Fotojornalismo; Telejornalismo; Edição; Cinema; Introdução à Pesquisa Bibliográfica e Documentação; Editoração; Produção de Vídeo; Cultura Brasileira; História da Cultura Alagoana; História de Alagoas; História da Arte; Psicologia da Comunicação; Sociologia Urbana e Rural; Publicidade e Propaganda; Legislação e Ética em Jornalismo; Antropologia Cultural; entre outras tantas, todas têm a ver com a prática do Jornalismo Fotográfico, são essenciais.
É claro, bem sabemos que o ensino nas Universidades brasileiras (o Estado de Alagoas mantêm-se entre os piores índices do País) não é lá tão bom assim. Mas o acesso a todo esse conhecimento, a discussão entre os companheiros estudantes e professores, os livros, as aulas, o tempo do ser universitário (uma energia sublime que enaltece o ser), e tantas outras razões, para de repente saber que nem precisaria chegar a tanto para exercer tal profissão.
Só acho que vai desvalorizar nosso piso salarial, enxertando no mercado dezenas de “FOTOJORNALISTAS” na faixa salarial de 2º grau. Ou então, se não o são, estão enganados, num curso de nível técnico, ministrado por um único professor, em 40 horas de aula, o que não garantirá um profissional com conhecimentos mais aprofundados para exercer tais funções. Na nomenclatura já especifica a função: Foto-jornalismo, e Jornalismo quem faz é jornalista. Embora não haja mais obrigatoriedade do diploma, mesmo assim, fotojornalistas são aqueles que se formam em Jornalismo. Aconselho que mudem apenas a nomenclatura para ‘noções em fotojornalismo’, fica mais digno, que pisar sobre toda uma classe que soa e suou para estar onde está. Para ser o que é.
Quero deixar claro que não estou a querer desvalorizar aquele que, assim como o Exmo. Presidente Lula (que são casos raros), já nasce com dons tão aguçados, com espírito de liderança e potencial de exercer determinadas funções, pelo contrário, acredito que se tivessem acesso ao conhecimento mais aprofundado de tais funções pudessem galgar num universo mais significativo.
Vejo é que o Brasil está mergulhado num universo midiático de linguagem chula, num cotidiano de costumes vulgares, numa evolução cosmopolita desumana de um trânsito neurótico e agressivo, de políticos e jurídicos corruptos e médicos receiteiros, além dos latifúndios desnecessários de matas extintas, enfim, fica aqui minha indignação, pelo sentimento de desprezo que me aflige. Percebendo que existem hoje centenas de faculdades a ‘vender’ diplomas em todo Brasil, num sistema de educação sem perspectivas claras e embasamento prático, teórico, ético e poético a 'ver navios'.
LCB_2007dez20
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