Sob a égide do Kapitalismo vivenciamos um momento culminante de uma Era. Conduzidos por um consumismo de rés, enfileirados na estrada restrita aos arames farpados, calçadas e paredes, protegidos pela lataria de um automóvel, os ‘Homo-cyberisóptero sapiens tecnos’ agem de modo soberano, sobre si-mesmos, enganando-se nas próprias mentiras, avançando para um futuro fora daqui, porém não sabem bem para onde ir, com a sua bela nave de Noé. Pasmo, um Homem simples, alienado em seu pequeno universo cabível, acorda todos os dias e mantém a rotina, levado, pelas necessidades básicas existenciais, a cumprir as funções sociais profissionais; com o destino honesto, íntegro e obediente, com sua gentileza característica encontra um pouco de felicidade nessa parafernália urbana. Nesse universo dos automóveis, o ser humano transformou-se num cupim, pensa como um cupim, age como um cupim, tanto, que até excede a capacidade humanóide da inteligência simples do Homo sapiens sapiens. O pior é a capacidade dos Syber-Cupins Dominantes em aceitar a miserabilidade do gentio sem lapso de culpa, sobre o argumento de seus merecimentos ao poder. Numa balança absoluta, de milhões de tentáculos, a desigualdade sob a égide de Criaturas Iluminadas que confortam as religiões, numa traumática evolução; uma involução decadente, cheia de tudos e nadas, num mar de linguagem chula e costumes subordinados às mentiras da propaganda; Nas ruas da cidade, onde a plena maioria circula com sua casquinha de lata, rodeando os quarteirões, irrequieto, barulhento, egocêntrico, o coração humano dominado pela ilusão das facilidades que essa casca motorizada lhes apraz. - O Ser Humano não se dá mais tempo ! Não curte as coisas mais simples das relações: a paz; o carinho; o silêncio; o puro amor; o pensamento em vão; o ar que respira; o deslumbramento em si; a consciência da comunhão com a natureza; o senso da divisão... - As ações dessa maioria absoluta são catastróficas, têm pouco respeito pelos que caminham, navegam em velocidades estonteantes, acham-se sempre superiores, pois parece que são máquinas, não gente.
- Gente ! “Não sois máquinas. Homens é que sois !” (C. Chaplin)
Para ilustrar esse texto escolhi uma foto quase cômica, não fosse a gravidade da realidade. Uma placa, na Via Expressa, numa falsa calçada ou calçada nenhuma, que atenta para a passagem de idosos e/ou crianças, prova absoluta das péssimas gestões políticas de trânsito, quanto à natureza bípede do Humano em seu ato de caminhar. Por mais que se argumente que por ali trafegue apenas uma pessoa a cada dez anos, pois esta pessoa merece o respeito de poder trafegar seguramente. Mas a placa indica que há gente que por ali trafega, que são obrigados aos riscos do desvio pela pista dos automóveis.
LCB_21jan2010